terça-feira, 4 de agosto de 2015

Alguns livros a mais



Livros demais?

    Ao longo da vida, plantei árvores, reuni livros e dei aulas. Foi isso basicamente o que fiz em mais de sessenta anos de vida. Nos intervalos, sempre que o tempo permitiu, namorei a Mara, cuidei dos meus filhos, trabalhei bastante, li muito, escrevi crônicas, artigos, contos e textos diversos, me encontrei com os amigos, viajei, fui ao cinema… 
 
    Os filhos foram “arremessados como flechas vivas na senda do infinito” (Khalil Gibran). E eu amo as flechas que voam.

    As árvores estão por aí, algumas cresceram mais do que eu. Outras foram cortadas, abatidas, secaram e morreram. Outras deram frutos, sombra e deixaram bucólicas recordações.

     Os alunos transformaram-se em ex-alunos e, a maioria, em amigos — alguns viraram grandes amigos.

    Os livros ajudaram em boas descobertas, propiciaram variados prazeres e sensações. Mas aumentaram tanto que eu tive de tomar uma decisão difícil: eles tinham de sair pelo mundo afora! No começo da vida intelectual e profissional, perder ou me desfazer de um livro era quase como ver uma árvore secar ou um aluno desistir do curso.

    Acontece que um dia os filhos crescem, as árvores já não precisam tanto de cuidados e os livros… bem, os livros têm de ser lidos por outras pessoas, têm de circular por aí. O propósito aqui é ruminar esse movimento, de chegadas e de partidas, relembrar os livros que chegaram e os que foram embora, para outras mãos, para outras estantes. E muitos já foram embora: montei algumas bibliotecas, doei outros, dei, emprestei e nunca pedi de volta, larguei em mesas de bar, em bancos de praças, em estantes de troca de livros… Não me arrependo.

    Muitos vieram e continuam vindo, alguns deles eu mesmo escrevi e foram publicados (Neste espaço em que quero falar sobre livros, vou começar por esses, os que escrevi).

    Uma maneira de os livros continuarem sua trajetória, de sua leitura ajudar na formação das pessoas que poderão colaborar na construção de um mundo melhor, um mundo diferente do que temos hoje, é falar sobre eles, escrever sobre eles, discutir suas ideias, seus autores, seu conteúdo e sua forma. Nunca tive a pretensão de me tornar crítico literário, apenas gosto de conversar sobre livros. E, se alguém quiser conversar comigo sobre livros, literatura e outros assuntos, sinta-se à vontade!

Informações de currículo:

Geógrafo, especialista em Educação e mestre em Geografia. Professor universitário aposentado e escritor. Publicou os seguintes livros: “A cidade perdida” (Editora CNEC Dr. José Ferreira, 1998); “Só Letrando – Literatura infantil e juvenil: reflexão e prática na escola” (Coordenador – Edição dos autores, 2006); “Crônicas Impertinentes” (Editora Scortecci, 2008); “Os Bichos São Gente Boa” (Giz Editorial, 2010); “A máquina de ensinar” (Giz Editorial, 2014); “Quando a saudade é o tempero” (Editora Bertolucci, 2018); e o romance “Beijar na boca não pode” (Gulliver/Adelante, 2019).Colabora, desde 1987, com vários jornais, revistas impressas e publicações eletrônicas do interior do país, nos quais publica contos, crônicas e textos diversos sobre educação ambiental, questão ambiental, livro e leitura. Foi colaborador do Projeto PROLER no Triângulo Mineiro por dez anos, quando participou de inúmeras iniciativas de estímulo à leitura, palestras, cursos e atividades para estudantes e professores em cidades da região. Foi membro da diretoria da Sociedade Amigos da Biblioteca Pública Municipal de Uberaba, MG. É membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro (ALTM) e associado à União Brasileira de Escritores (UBE).

 





Minhas estantes já foram assim (fotos acima). Hoje, estão menores.